quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Gozamos mas ainda não relaxamos

Por torpedo SMS, recebi a notícia da saída de Ana Buarque de Hollanda e a ocupação do cargo por Marta Suplicy.

Ana demorou-se demasiadamente no cargo onde mostrou, desde o início, que não seria de bons ventos. No geral, as reações no meu pequeno círculo são de alívio, felicidade... Gozo. Ana deveria ter saído na polêmica Pró-Ecad - foi exatamente nesta polêmica que a classe artística broxou com a ministra da cultura e passou a contar os dias até a saída definitiva de Ana e a esperança de um novo comando na linha Juca/Gil.

A imprensa, como sempre, apressa-se a criar causas para a demissão da Ana Buarque, ignorando o histórico dela pela pasta. Uns falam que Ana Buarque que saiu porque reclamou dos baixos recursos da pasta, outro diz que Marta entrou porque passou a apoiar determinado candidato. Nenhum deles fala a verdade: Ana Buarque de Hollanda já vai tarde. Ana conseguiu o feito inédito de ter sido reprovada por todas as alas culturais: classes artísticas; agentes, produtores e gestores culturais; instituições públicas e privadas da cultura.

Reclamar dos baixos recursos faz parte da função da ministra, afinal, ela tem que defender a pasta que comanda. Considero que este foi o único ato de coragem da Ana Buarque, a única ação que merece mérito. Cultura age diretamente no social e no econômico, gerando grandes transformações. Deixar a pasta com a miséria de recursos como vem acontecendo é não querer a progessão do Brasil. Num momento em que Dilma tanto faz para tentar "fechar" as contas do PIB com números próximos às previsões iniciais, fortalecer a cultura é jogada estratégica, com grande chance de acerto. Infelizmente, nem a ministra do planejamento nem a presidenta tomaram noção do fato ou não se aprofundaram no assunto com o devido respeito que a Cultura merece. Ponto para a Ana Buarque de Hollanda, talvez o único.

Justificar a entrada da Marta Suplicy como prêmio (ou "consolo" como preferem alguns jornais - que triste a nossa imprensa; tão carente de cultura) por ter entrado na campanha política, prestando apoio ao candidato do PT é igualmente irresponsável, pois coloca a pasta como refém de determinado grupo político, tendo como freguês apenas parte da multidiversidade da cultura brasileira. Marta entra para colocar ordem na casa, para reativar os diálogos com as partes integrantes da sociedade, para continuar o caminho de elevação da Cultura, iniciada com Jucá/Gil e retrocedido por Ana. O ponto fraco de Marta Suplicy é o risco de usar a pasta para o nepotismo. Esperamos que não.

Gozamos com a saída da Ana Buarque de Hollanda mas a Cultura ainda não relaxou com a entrada de Marta Suplicy. Só o tempo dirá...

Saudações culturais
Elida Kronig


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